terça-feira, 10 de junho de 2014

Líder ou chefe?

O desafio da liderança nas organizações contemporâneas, especialmente nas instituições públicas

O nosso post desta semana propõe uma reflexão importante: como anda a liderança nas organizações? Obviamente, proponho esta discussão no nosso contexto, ou seja, liderança no serviço público de Minas Gerais, liderança em organizações de saúde.

A primeira colocação que faço é: as pessoas estão sendo preparadas para liderar? Não é incomum que um bom técnico, da noite para o dia, seja alçado para uma posição no organograma onde precisa liderar pessoas. Talvez, este tenha sido o seu caso.

Antes de avançarmos na reflexão, faço aqui um importante parêntese sobre a diferença entre líderes e chefes.

Chefe é uma pessoa cujo cargo ocupado o coloca em uma posição hierárquica em que ele precisa dar ordens e coordenar uma equipe. Ele deve exercer este papel com base em normas institucionais ou organizacionais. É a mais pura expressão de ordem social que define diferenças de status e, por conseguinte, de poder e autoridade dentro do grupo.

A liderança é algo maior que a “chefia”. O líder é aquele que tenta sempre manter a equipe motivada, trabalha junto com o grupo, que busca sempre aprender, melhorar e passar adiante o seu aprendizado. Ele se preocupa com as pessoas e com o desenvolvimento delas, sabe dar feedbacks construtivos e, em conjunto, te ajuda a melhorar como profissional e, muitas vezes, pessoalmente também.

Já vi líderes que não ocupavam posição de chefia na hierarquia das organizações. Já vi muitos chefes (e isso é muito comum) que não têm perfil de liderança.

Mas, voltando a nossa reflexão: você pode desenvolver competências (conhecimentos, habilidades e atitudes) para ser um bom líder. Diria que o primeiro passo é querer e estar consciente de que um bom líder deve saber relacionar com as pessoas de forma assertiva.

Um dos aspectos que considero mais relevantes nas teorias sobre liderança é o modelo de liderança feita pelo exemplo. Sim, nossas organizações contemporâneas não suportam mais líderes (seriam realmente líderes?) do tipo “faça o que eu digo, não o que eu faço”...

Outro aspecto, que é, na verdade, uma competência que precisa ser valorizada nos líderes é o chamado “foco em resultados”. Líderes precisam motivar pessoas e fazer com que elas caminhem em um mesmo sentido ou direção. Um líder que foca processos de apoio ou se prende nas mazelas da burocracia não é um líder. 

Dificilmente conseguirá conduzir as pessoas – já que precisa dar exemplo – em torno de um objetivo. Provavelmente, fará os seus liderados se perderem em coisas supérfluas, supervalorizando os meios. Este é um dos principais desafios para as pessoas que estão e posição de chefia nas organizações públicas, que precisam ser orientadas pelas entregas para a sociedade.


Enfim, coloco estas reflexões acompanhadas de uma provocação de caráter pessoal: você é um bom líder? Como vê o perfil de liderança das pessoas em posição de chefia na Funed? Como podemos desenvolver bons líderes em nossa organização? Como bons líderes podem contribuir para uma Funed cada vez mais produtiva?

10 comentários:

  1. Há 11 anos me vi nesse dilema: de técnica à chefe. Recém-formada, inexperiente, assumi o desafio. Com humildade, muita desconfiança das pessoas, algumas torcidas e muitos descréditos, contei essencialmente com o apoio do meu líder à época, sim, era líder e não chefe, e também da minha equipe. Agarrei todas as oportunidades que me foram dadas no sentido de aprimorar a gestão de pessoas, todos os cursos possíveis, MBA... Tomei muitos tombos, ainda tomo, um aprendizado contínuo, muitas dúvidas, mas uma certeza: é possível sim desenvolver competências e, mais do que isso, é preciso sempre desenvolver novas competências. Relacionar com as pessoas de forma assertiva é sempre um desafio. e não é o único. Mas, por outro lado, é muito bom sentir-se sempre desafiada.... Aprender com outros líderes é também sempre uma motivação a mais. parabéns pelo post, pela liderança.. e que você você sempre inspirar novos líderes pela Funed e por todo o sistema público.

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    1. Marina,

      Obrigado pelo comentário! Tenho certeza que você vem aprendendo muito ao longo destes 11 anos.

      Concordo plenamente com sua expressão: "(...) um aprendizado contínuo (...)"

      A questão é ter sempre disposição e humildade para aprender e vontade para correr atrás.

      Espero que continue obtendo sucesso em seu desenvolvimento na sua capacidade de liderança.

      Parabéns pelo trabalho.

      Abraços,

      Chico

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  2. Sempre pensei que não tinha perfil para ser chefe. Com o tempo descobri o que o Chico bem colocou aqui: que há uma diferença evidente entre ser chefe e ser líder. A FUNED me proporcionou oportunidades únicas para desenvolver minhas capacidades e habilidades de liderança, ainda que seja à frente de estagiários ou bolsistas.Claro que nem sempre me dei bem; numa das minhas supervisões de estágio, por exemplo, fui mal avaliado pela aluna.Mas isso serviu para que eu amadurecesse meus conceitos e na etapa de supervisão seguinte alcancei um ótimo comprometimento da estagiária, incentivando-a e extraindo o que de melhor ela sabia fazer.Além de ensiná-la,repassando meus conhecimentos,também aprendi com ela. Por tudo isso, acho que essa experiência foi importantíssima para o enriquecimento dos meus conhecimentos e das minhas habilidades. Creio que todo chefe, gerente, coordenador, enfim, todo gestor de pessoas na FUNED,deve procurar o seu desenvolvimento pessoal e profissional espelhando-se a figura de um gestor preocupado não só com o desempenho, mas também com o moral e o motivacional da sua equipe.

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    1. Gilson,

      Legal a experiência que você relatou.

      Concordo completamente com o que disse: "todo chefe, gerente, coordenador, enfim, todo gestor de pessoas na FUNED,deve procurar o seu desenvolvimento pessoal e profissional (...)".

      Procurar siginifica não apenas esperar as oportunidades que instituição (e a própria vida) nos oferece, mas literalmente correr atrás.

      É isso que espero de todos nossos líderes aqui na Funed.

      Abraços,

      Chico

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  3. Olá Francisco,

    Para mim este foi o melhor tema já publicado em seu blog.

    Liderança é realmente um problema nas organizações, especialmente no serviço público em que a seleção dos trabalhadores não considera os pilares das competências individuais alinhados às competências organizacionais. Ao elevar um bom técnico à função de lider, é muito comum você ficar sem o bom técnico e com um mal lider.

    Você indaga se as pessoas estão preparadas para liderar... Penso que na maioria das vezes não! Mas acredito que eles são escolhidas em três circunstâncias ou hipóteses: 1) ou elas já são líderanças natas, identificados pelos pares e aproveitadas pela gestão, ou 2) elas são inexperiêntes, mas aprendem a liderar e veem isto como uma oportunidade de aperfeiçoamento pessoal e profissional, ou ainda, 3) são colocados na função na expectativa de corresponder, mas infelizmente não aprendem e viram chefes.

    Penso que antes de lançar uma pessoa à função de liderança, é extremamente importante identificar se essa pessoa detém o perfil necessário, ou se esse perfil é "desenvolvível" (acabei de lançar uma palavra nova rs...rs...rs...). Acredito mesmo que não deve ser difícil desenvolver um diagnóstico do perfil de liderança (penso até que isto já exista pronto. Nem daria muito trabalho). Acredito também que a liderança pode ser aprendida, mas isto leva tempo. Exige mais do que aprendizado formal. Exige quase uma educação moral que leva em conta aspectos como RESPEITO, CONFIANÇA, AMIZADE, HONESTIDADE. Será que temos tempo para resgatar isto?

    O ideal... o ideal seria que já tivéssemos líderes prontos. Mas isto é difícil porque, quase invariavelmente, são poucos os líderes prontos. Esse tipo de líder, é lider não por causa do desejo pelo poder, mas por ter paixão pelo que faz, e por, espontaneamente, fazer bem feito qualquer coisa e, assim, tudo o que faz se torna o que mais gosta e deixa satisfeito quem está à sua volta. Daí, ele se torna referência naquilo, e ao se tornar referência, sua competência o torna lider. Além disso, acrescento, um lider sem uma boa dose de TERNURA tende a se tornar amargo com o passar do tempo.

    Liderança não é um posto. É uma referência! Quem são nossas referências?

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    1. Fábio,

      Fico feliz que gostou do post.

      Excelente o seu comentário (como sempre bastante participativo, caro amigo!).

      Gostei da questão da "educação moral" necessária para os líderes. De fato, os bons líderes se destacam não pela força, mas pela sua capacidade de compartilhar ideias e soluções transformando as coisas pesadas em leves, possíveis, tangíveis.

      Que bom que todos nós na Funed estamos aprendendo juntos este perfil de liderança.

      Obrigado pelo seu apoio e pelo comentário.

      Abraços,

      Chico

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  4. Chico,

    Para mim, liderança é a habilidade de influenciar pessoas para trabalharem motivadas e entusiasmadas... Portanto, acredito que um líder competente inspira confiança... E confiança é a base de qualquer relacionamento... é moral e ético... é um elo forte que consolida uma equipe... Confiar em alguém é se comprometer, é andar junto, vislumbrar um objetivo comum... Ser líder é ser alguém de confiança... mas exige maturidade e integridade... é preciso assumir responsabilidades e tomar decisões...e quem consegue ser um líder competente sem a confiança de sua equipe?

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    1. Thais,

      Primeiramente, mais uma vez parabenizo você pelo excelente trabalho que vem desempenhando no nosso projeto Funed Ouro.

      Confiança...esta é uma base preciosa para os líderes. Sem a confiança da equipe é impossível exercer liderança.

      O ponto é: conquistar confiança não depende de ceder sempre as vontades e anseios de cada um dos liderados, mas sim de ser coerente e honesto e buscar o melhor para todos em um contexto onde se busca o melhor para a instituição.

      É um trabalho realmente desafiador.

      Abraços,

      Chico

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  5. Participo desse debate, ao postar dois trechos, dos quais considero importantes para contribuir na reflexão proposta.

    1º trecho: Trata-se do Curso do SENAC: GESTÃO E LIDERANÇA DE EQUIPES, do qual destaco a parte que descreve o ”Chefe Autocrático”:

    Vamos pensar em um líder que goste de definir tudo, é centralizador, decide como deve ser feito determinado serviço, que a opinião dele é a que está sempre correta e os funcionários não são merecedores de confiança.
    Esse tipo de liderança é conhecido como autocrático, nele o líder é chamado de “chefe”.
    Existem líderes também que podem “acabar” com a autoestima e a motivação de sua equipe.

    2º trecho: agora, partes de uma entrevista com Orlando Pavani e Crismeri Delfino Corrêa, no link: http://www.administradores.com.br/noticias/negocios/chefe-ou-lider-o-que-as-empresas-precisam/28878/

    A) Qual a principal diferença entre chefiar e liderar?

    Orlando Pavani – Chefiar se caracteriza preponderantemente pela autoridade de alguém para com outro alguém, onde o “ser obedecido” é o grande diferencial dos bons chefes para os maus chefes. Já liderar é bastante diferente e se caracteriza pela capacidade de gerar seguidores, imitadores, admiradores, onde o “ser obedecido” fica substituído por “ser respeitado” e a função mais relevante de um líder é a de facilitar e encorajar seus seguidores a conseguirem aquilo que lhes foi designado, normalmente metas desafiadoras e de cunho transformacional.

    B) Chefe ou Líder? O que uma empresa precisa atualmente?

    Orlando Pavani – Líder, sem qualquer sombra de dúvida. O problema é desenvolvê-los, uma vez que, a grande maioria dos gestores pende para comportamento de chefe ao invés de líder.

    Crismeri Delfino - As empresas precisam capacitar os líderes, pois hoje, a exigência do mercado faz que esse profissional se envolva muito com as tarefas operacionais e, não sobra o tempo necessário para gerenciar melhor as pessoas.

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    1. Célio,

      Como sempre participativo em todos os posts.

      Obrigado.

      Gostei dos trechos que você compartilhou conosco. Fica a reflexão para todos nós: o que estou sendo e o que eu quero ser - chefe ou líder?

      Um último comentário (sobre o último trecho citado do Crismeri Delfino): realmente um líder precisa se organizar e ter tempo para relacionar e para fazer gestão de pessoas. Assim, precisa saber delegar mais as atividades operacionais. Este é um gargalo sério para muitas pessoas avançarem em suas competências de liderança.

      Abraços,

      Chico

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