sábado, 21 de junho de 2014

Fortalecimento do SUS

Como a Funed pode contribuir para o fortalecimento do SUS?

O tema proposto neste post é fruto de uma conversa minha com o nosso colega Paulo Carvalho, recém chegado à Funed, por quem tenho muito respeito pela sua experiência e conhecimento de SUS – Sistema Único de Saúde.

Para te provocar, se você é funcionário da Funed, leia o verso do seu crachá funcional onde está descrita a nossa missão institucional. Para você que não é funcionário da Funed, passo uma cola desta missão: “Participar da construção do Sistema Único de Saúde, protegendo e promovendo a saúde”

O nosso Sistema Único de Saúde, do qual a Funed faz parte, é uma conquista da população brasileira! Criado na Constituição Federal de 1988 a partir de movimentos populares, este Sistema vem se estruturando ao longo dos últimos anos, possibilitando aos cidadãos um atendimento cada vez mais repleto de alternativas.

Sim, o SUS possui muitas limitações. Pode melhorar muito. Entretanto, ele existe! A gestão precisa ser cada vez mais eficiente. Em função de uma cultura historicamente reativa e “hospitalocêntrica”, existem ainda grandes desperdícios, como, por exemplo, as chamadas internações por condições sensíveis a atenção ambulatorial. O SUS possui também incoerências, como um financiamento limitado para um sistema que se propõe a ser universal e integral.

No entanto, é preciso que passemos a enxergar mais as conquistas e os avanços. Por exemplo, pouquíssimas pessoas se lembram da abrangência deste sistema público gratuito. O SUS está aí, para quem quiser e/ou precisar. Sem distinção. Aliás, verdade seja dita, todos – sem exceção – utilizam o SUS.

Infelizmente, muitos não se dão conta disso. Não se lembram de que o SUS engloba a vigilância em saúde (dos estabelecimentos, dos alimentos, da água, etc.), serviços preventivos como a imunização, serviços de urgência e emergência, medicamentos, hemoderivados e uma série de outros serviços e produtos. Sobre isso, compartilho um dado interessante: em uma pesquisa realizada em 2011 pelo IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) que apresentou os chamados indicadores de percepção social da Saúde, verificou-se que as pessoas que usam exclusivamente o SUS avaliam o sistema melhor do que aqueles que possuem planos de saúde. Ou seja, muitas pessoas valoram o SUS por aspectos subjetivos ou mesmo pela impressão gerada pela mídia negativa, não pela sua própria vivência ou experiência.

Disse tudo isso para lembrar e refletir um pouco sobre o papel da Fundação Ezequiel Dias no fortalecimento desta conquista do povo brasileiro. Voltando na nossa missão, está claramente definido o que devemos fazer..

Por isso, devemos nos orgulhar em saber que este ano todo o soro utilizado no Brasil passará em algum momento do seu processo de produção na Funed. Também a vacina contra a Meningite C é um produto Funed que é distribuído em todo o Brasil e nos ajuda a cumprir esta importante missão.

Os exames laboratoriais e analíticos do Instituto Octávio Magalhães auxiliam a vigilância sanitária no cumprimento de seu papel de proteger a população, identificando potenciais riscos à saúde. A atuação em relação a vigilância epidemiológica possibilita enxergar situações críticas de epidemia e agir de forma mais ativa no combate a doenças e agravos. E a vigilância ambiental, como por exemplo a análise da qualidade da água, protege os cidadãos de outros riscos a saúde.

Tendo na sua finalidade, conforme o seu Estatuto, realizar pesquisas para o desenvolvimento científico e tecnológico no campo da saúde pública, a Funed pode contribuir de forma ainda mais concreta e promissora para o fortalecimento do SUS, na medida em que pode e deve produzir novas tecnologias em saúde voltadas para o bem estar e a qualidade de vida dos cidadãos. Algumas interessantes pesquisas que já vem sendo desenvolvidas possuem grande potencial para, em breve, serem transformadas em novas soluções concretas para a saúde das pessoas.

Finalizo com algumas provocações:
a) Como você, servidor da Funed, se enxerga neste contexto? Entende os objetivos da Funed e reconhece o papel desta instituição centenária no SUS?

b) Como acha que a sociedade enxerga a Funed? Acham que os cidadãos que nos olham de fora dos “muros da Gameleira” sabem do nosso potencial e de nossa contribuição para o SUS? Será que enxergam como os nossos produtos e serviços impactam as suas vidas?


 c) O que você acha que podemos fazer para fortalecer o nosso papel no SUS, para fortalecer o nosso diálogo com os cidadãos e para ampliar o reconhecimento e a qualidade do nosso Sistema Único de Saúde, através de nossas ações?

terça-feira, 10 de junho de 2014

Líder ou chefe?

O desafio da liderança nas organizações contemporâneas, especialmente nas instituições públicas

O nosso post desta semana propõe uma reflexão importante: como anda a liderança nas organizações? Obviamente, proponho esta discussão no nosso contexto, ou seja, liderança no serviço público de Minas Gerais, liderança em organizações de saúde.

A primeira colocação que faço é: as pessoas estão sendo preparadas para liderar? Não é incomum que um bom técnico, da noite para o dia, seja alçado para uma posição no organograma onde precisa liderar pessoas. Talvez, este tenha sido o seu caso.

Antes de avançarmos na reflexão, faço aqui um importante parêntese sobre a diferença entre líderes e chefes.

Chefe é uma pessoa cujo cargo ocupado o coloca em uma posição hierárquica em que ele precisa dar ordens e coordenar uma equipe. Ele deve exercer este papel com base em normas institucionais ou organizacionais. É a mais pura expressão de ordem social que define diferenças de status e, por conseguinte, de poder e autoridade dentro do grupo.

A liderança é algo maior que a “chefia”. O líder é aquele que tenta sempre manter a equipe motivada, trabalha junto com o grupo, que busca sempre aprender, melhorar e passar adiante o seu aprendizado. Ele se preocupa com as pessoas e com o desenvolvimento delas, sabe dar feedbacks construtivos e, em conjunto, te ajuda a melhorar como profissional e, muitas vezes, pessoalmente também.

Já vi líderes que não ocupavam posição de chefia na hierarquia das organizações. Já vi muitos chefes (e isso é muito comum) que não têm perfil de liderança.

Mas, voltando a nossa reflexão: você pode desenvolver competências (conhecimentos, habilidades e atitudes) para ser um bom líder. Diria que o primeiro passo é querer e estar consciente de que um bom líder deve saber relacionar com as pessoas de forma assertiva.

Um dos aspectos que considero mais relevantes nas teorias sobre liderança é o modelo de liderança feita pelo exemplo. Sim, nossas organizações contemporâneas não suportam mais líderes (seriam realmente líderes?) do tipo “faça o que eu digo, não o que eu faço”...

Outro aspecto, que é, na verdade, uma competência que precisa ser valorizada nos líderes é o chamado “foco em resultados”. Líderes precisam motivar pessoas e fazer com que elas caminhem em um mesmo sentido ou direção. Um líder que foca processos de apoio ou se prende nas mazelas da burocracia não é um líder. 

Dificilmente conseguirá conduzir as pessoas – já que precisa dar exemplo – em torno de um objetivo. Provavelmente, fará os seus liderados se perderem em coisas supérfluas, supervalorizando os meios. Este é um dos principais desafios para as pessoas que estão e posição de chefia nas organizações públicas, que precisam ser orientadas pelas entregas para a sociedade.


Enfim, coloco estas reflexões acompanhadas de uma provocação de caráter pessoal: você é um bom líder? Como vê o perfil de liderança das pessoas em posição de chefia na Funed? Como podemos desenvolver bons líderes em nossa organização? Como bons líderes podem contribuir para uma Funed cada vez mais produtiva?